Another Step

No meu trabalho debruço-me sobre a importância do desenho, não como elemento auxiliar, mas como início, caminho e fim do processo criativo. Como ponto de partida para alguns dos meus trabalhos recorri à pintura pós-renascentista, mais concretamente à série de números de Fibonacci. Utilizei aqui esses princípios matemáticos e geométricos como elementos organizacionais do espaço, estabelecendo-se uma simbiose entre a linha, a cor e a geometria.

Ao longo do processo criativo fui-me libertando desses mesmos princípios matemáticos e canalizei o meu trabalho para questões mais relacionadas com a linha e a cor, criando um paralelismo com a linguagem escrita que, a cada palavra que cria, cria também um significado. Em contrapartida, a linguagem visual não segue uma regra de leitura; elementos visuais isolados podem não determinar nada, mas em conjunto podem ter diversas leituras. Para isso debrucei-me sobre algumas questões que já tinham sido colocadas entre os séc. XVI e XIX, entre elas as de  Delacroix, que defendia a primazia da cor enquanto veículo de emoções, ou Ingrés que defendia a predominância da linha enquanto princípio do equilíbrio; ou já no séc. XX, Henri Matisse, que procurou estabelecer uma ligação entre os dois elementos, desenhando directamente na cor.

No meu trabalho pretendo que a linha e a cor apareçam como linguagem, como linha condutora do processo criativo e como escrita desse processo. A linha e a cor tornam-se elementos vivos e autónomos da comunicação visual, criando emoções, equilíbrio e desequilíbrio, não sendo para isso necessário recorrer à linguagem figurativa.

In my work I dwell on the importance of drawing, not as an auxiliary element, but as the beginning, path and goal of the creative process. As a starting point for some of my works I turned to post-Renaissance painting, more specifically to the series of Fibonacci numbers. I used there those mathematical and geometric principles as organizational elements of space, establishing a symbiosis between line, color and geometry.

Throughout the creative process I have been freeing myself from those same mathematical principles and I have channeled my work to questions more related to line and color, creating a parallelism with the written language which, with each word it creates, also creates a meaning. In contrast, visual language does not follow a reading rule; isolated visual elements may not determine anything, but alltogether they may have different readings. To that end, I considered some questions that had already been posed between the 16th and 19th centuries, where we find Delacroix, who defended the primacy of color as a vehicle of emotions, or Ingrés who defended the predominance of the line as a principle of balance; already in the 20th century, Henri Matisse, tried to establish a synthesis that compatibilized the two elements, drawing directly on color.

In my work I intend line and color to appear as language, as the guiding line of the creative process and as writing of that process. Line and color become living and autonomous elements of visual communication, creating emotions, balance and imbalance, thus not being necessary to resort to figurative language.