O Processo de …

Desenhar é um ato único, que funciona em uníssono com o corpo, que é aqui o instrumento com que se desenha e, o desenho uma extensão do corpo. Para a experiência estética, a mão e o olho atuam como meros instrumentos através dos quais irá operar todo o nosso corpo.

O desenho também pode ser percepção, observação e experiência da realidade é, por isso, fundamental que a prática pedagógica acentue a importância do processo e menos do resultado. Em cada desenho está escondido um conjunto de movimentos através dos quais ele foi realizado, a cada desenho que fazemos a nossa perceção da realidade é trabalhada, não é mero produto final mas o resultado de um conjunto de processos.

No desenho, o pensamento visual não é deduzido – ele faz parte da experiência de desenhar, ele é um elemento estruturante desse mecanismo. O desenho é sobretudo traço de antes, depois e do entretanto. Ele é também investigação, coloca o indivíduo em perspectiva, ajuda-o a elaborar e a perceber o mundo à sua volta, informando-o das suas limitações.

O Filósofo Boris Groys no texto “Education by Infection” relaciona a educação artística a um vírus, a proposta de educação por contaminação, resultado de vivermos num mundo cada vez mais global, mais rico em diversidade. A educação tem como finalidade a transmissão de cultura, a contaminação estabelece uma relação entre processos comunicacionais não circunscritos às escolas mas a toda a sociedade.

Segundo Malevich a vida é entendida como fonte permanente de infecções, como uma contaminação altera o corpo, também a sensibilidade do artista é modificada por novos elementos visuais, introduzidos no mundo por novos desenvolvimentos técnicos e sociais. O artista tem que estar constantemente em mudança, de forma a incorporar novos elementos estéticos, o não se deixar influenciar pode tornar a sua prática artística obsoleta.

A prática artística está sempre infectada por movimentos políticos, pelo consumismo, pela internet, por informações, pela cultura de massas, etc. O professor deve ser capaz de extrair a visão de cada aluno, do o ajudar a pensar e a processar o mundo de forma crítica e ativa.

Vivemos num mundo heterogéneo e estamos cada vez mais conscientes da nossa heterogeneidade, o direito à diferença e à igualdade de oportunidades exigem à prática pedagógica uma atenção aos processos de valorização da diversidade cultural. É impossível pensar a educação sem pensar a(s) cultura(s) e a relação existente entre elas. E é na necessidade de parar e refletir sobre essa diversidade que podemos enriquecer o ensino das artes.

A arte não dignifica nem exalta, mas é complexa, aberta a interpretações de cada indivíduo, não devemos pensar no que a arte faz pelas pessoas, devemos pensar que a arte é algo que as pessoas fazem.